Paróquia Nossa Senhora de Guadalupe – Castelo
Belo Horizonte, 24 de outubro de 2020.
Memória de Santo Antonio Maria Claret
Saudações em Cristo, queridos irmãos e queridas irmãs!
Vivemos tempos difíceis com esta pandemia, desde o mês de março deste ano de 2020.
Sabemos que não está sendo fácil para todos, contudo para alguns irmãos e irmãs está sendo mais difícil ainda, por diversas situações: falta de dinheiro, desemprego e enfermidades e perdas irreparáveis.
Contudo, a Palavra de Deus nos admoesta a não nos deixarmos desanimar diante dos desafios. Jesus, com seus discípulos, logo após chamá-los para o seguimento (cf. Mc 1,16-20), para viverem com ele e dele aprenderem a essência do Reino de Deus (Mc 1,14-15), que é serviço e amor, encontramos no Evangelho de Marcos um momento difícil, a tempestade acalmada (Mc 4,35-40). Esta cena é antecedida por muitas atividades realizadas por Jesus e testemunhadas por seus discípulos.
Trazendo o texto bíblico para o nosso tempo de hoje poderíamos dizer que nossa Paróquia Nossa Senhora de Guadalupe tem um histórico bonito, mais de duas décadas de evangelização, promovendo a vida humana, anunciando o Evangelho e, sobremaneira, testemunhando a vida fraterna, a partir das Pequenas Fraternidades em suas mais diversas expressões.
Em relação ao Evangelho de Marcos, Jesus realizou muitas coisas, curas e exorcismos, com o objetivo único de promover a vida humana, independente das imposições da religião judaica, que proibia qualquer atividade no dia de Sábado. Vale lembrar que Jesus é o Senhor do sábado (Mc 2,27). Jesus também sofreu calúnias, difamações e incompreensões (Mc 3,2-35), mas não se deixou abater, pois ao semear a Palavra de Deus, como bom semeador, soube claramente que nem todos eram terrenos saudáveis para a semente da Palavra de Deus germinar e dar frutos (cf. Mc 4,1-9).
Neste tempo difícil de pandemia, somos desafiados a questionar que tipo de terreno nós somos? A Paróquia Nossa Senhora de Guadalupe certamente é constituída de muitos homens e mulheres, terrenos diversos, que se unem no projeto de Evangelização Proclamar a Palavra.
Enfrentamos neste contexto uma espécie de tempestade com a pandemia do Novo Coronavírus (Covid 19). Jesus, no Evangelho de Marcos, também enfrentou uma grande tempestade. No capítulo 4, nos versículos 35-41, lemos que Jesus, ao cair da tarde, diz aos discípulos: “Passemos para a outra margem”. Deixando a multidão, os discípulos o levam de barco, para um lugar com outros barcos. Neste momento, sobrevêm uma tempestade, os ventos agitavam o mar, a água entrou na barca e a mesma já estava a ponto de afundar. Jesus, por sua vez, estava no fundo do barco, dormindo. Dormir, na Bíblia, significa anestesiar-se frente às situações que enfrentamos, como uma espécie de neutralizar a dor e o cansaço.
Os discípulos, porém, acordam Jesus com a questão: “Mestre, não te importa que pereçamos?” Estas são as nossas palavras hoje. Por que estamos perecendo ante a esta pandemia? Por que tantos morreram e ainda morrem? Por que vivemos tal situação hoje? Todas as questões são impossíveis de serem respondidas aqui, mas ao longo de nossa história pessoal e comunitária vamos conseguir compreende-las parcial ou completamente. Porém, não nos cabe aqui explicá-las ou tentar solucioná-las.
Jesus, no texto em questão (Mc 4,39), conjurou severamente o vento e disse ao mar: “Silêncio! Quieto! Hoje, ele também afirma que precisamos silenciar o medo de nossos corações. O medo é uma característica humana, um sentimento natural. Porém, precisamos enfrenta-lo com a fé, com a esperança e o amor, as virtudes teológicas (cf. 1Cor 13,13). Precisamos também aquietar nossos medos, a fim de vencermos a tempestade que hoje enfrentamos, e, unidos, passarmos por esta pandemia, cuidando-nos e cuidando uns dos outros com carinho, respeito e amizade. Jesus, a seguir, no v. 40, afirma: “Por que tendes medo? Ainda não tendes fé?” Ele chama nossa atenção, nos desafia, enquanto Paróquia Nossa Senhora de Guadalupe a rompermos o medo e estarmos com os olhos fixos nele, escutando-o diariamente na Liturgia diária da Palavra, na participação da Eucaristia e nos fortalecendo a partir dos encontros fraternos, mesmo que sejam de modo remoto (online), de nossas Pequenas Fraternidades. Não podemos abandonar a fé: pois assim abandonamos a Jesus Cristo. Pois, não há como estar com Jesus e conviver com ele, sem o consentimento da fé, que é a nossa adesão cotidiana, em meio aos desafios.
Por fim, o texto bíblico nos leva a observar e também repetir com os discípulos, no v. 41, “Quem é este a quem até o vendo e o mar obedecem?” Assim, somos desafiados a ver, contemplar e sentir Jesus em nossa vida, na vida de nossa Paróquia. Para tal, precisamos busca-lo na comunidade fiel, na vida fraterna, na Eucaristia dominical. Com isso, venho convidar você, agente de pastoral, membros de Movimentos, das Pequenas Fraternidades, aos Ministros Extraordinários da Comunhão Eucarística, aos Ministros da Palavra e a todos os demais fiéis a aderir aos diversos serviços que temos em nossa Paróquia Nossa Senhora de Guadalupe.
Nos últimos tempos, estamos enfrentando a dificuldade da escassez de pessoas, de conseguir irmãos e irmãs para cantar a Eucaristia (missa), para servir na Pastoral do Batismo (nas Celebrações de Batizados), na Pastoral do Dízimo (nas missas), na Liturgia da Palavra e em várias outras frentes, tal como o Protocolo de Segurança para o retorno às Celebrações diversas.
Enfim, há muito trabalho, pois a messe é muito grande, poucos são os operários (cf. Mt 9,35-39). Contamos hoje, na Paróquia, com aproximadamente 42 celebrações Eucarísticas (missas) por mês, cerca de 4 celebrações de Batismos (20 crianças por mês, aproximadamente) e outras atividades que frequentemente aparecem. Graças a Deus a nossa Catequese conta hoje com catequistas muito atuantes e dispostas. Mas, há muito trabalho para fazer ainda.
Sei, porém, que muitos ainda estão com medo de sair de casa, por conta do risco de contágio do Novo Coronavírus. Há outros também que estão no grupo de risco e com morbidades, porém é preciso se cuidar, mas não podemos parar. Eu mesmo sou diabético há 35 anos (Diabetes tipo 1) e estou integralmente no trabalho, mas me cuidando. Não deixei de celebrar dia nenhum. Há como trabalhar se cuidando, esse é o nosso desafio de hoje. Para isso, estamos na Paróquia adotando todas as normas para segurança de todos e, claramente, não queremos colocar a sua vida em risco. Enfim, digo que precisamos de sua presença, comunhão e testemunho, sem elas nossa Evangelização fica manca, fraca e torta. Espero por todos, vamos em frente, não tenham medo. Servimos ao Senhor da Vida e não ao Senhor da Morte.
A todos e todas: Coragem e Fé!
Cordialmente,
Pe. Junior Vasconcelos do Amaral – Pároco
Paróquia Nossa Senhora de Guadalupe – Castelo.
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